Cerca de 45% dos trabalhadores de app no Brasil não consegue pagar as contas, revela pesquisa

Mesmo com 50% dos entrevistados trabalhando mais de oito horas por dia, os ganhos não são suficientes.

Cerca de 45% dos trabalhadores de app no Brasil não consegue pagar as contas, revela pesquisa
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Enquanto a economia digital se consolida como alternativa de renda para milhões de brasileiros, uma nova pesquisa nacional revela a precariedade que ainda marca o dia a dia dos trabalhadores de aplicativos. Segundo levantamento realizado pela fintech GigU, anteriormente conhecido como StopClub, em parceria com a Jangada Consultoria de Comunicação, 45,1% dos profissionais afirmam que sua renda líquida não é suficiente para arcar com as despesas mensais básicas. A pesquisa escancara um cenário de longas jornadas, gastos elevados para trabalhar e sentimento generalizado de abandono por parte das plataformas.

Mais da metade dos entrevistados atua em dois ou mais apps (54,4%) e 50,2% trabalham mais de oito horas por dia. Ainda assim, os custos para manter a atividade, como combustível, manutenção e alimentação, ultrapassam R$ 1.500 por mês para quase metade deles (49,9%). O resultado é uma margem apertada, que mal cobre o básico e compromete a estabilidade financeira de quem move essa engrenagem.

A motivação para ingressar nesse tipo de trabalho é majoritariamente econômica: 66,6% entraram na gig economy por necessidade, sendo o desemprego (35,4%) e o complemento de renda (38%) os principais motivos. Ainda que a flexibilidade de horário seja mencionada por quase um terço deles (31,5%), a grande maioria permanece por não ter outra alternativa no mercado formal.

O estudo também mostra uma crise de confiança nas plataformas e mais de 60% dizem que falta clareza sobre taxas, valores e bloqueios, e o suporte é avaliado como ruim ou muito ruim por seis em cada dez profissionais. Além disso, 78,3% não sentem que as empresas realmente se importam com quem está na linha de frente das entregas e corridas.

"A transparência nos ganhos é hoje uma das maiores demandas desses trabalhadores. Sem saber claramente quanto vão receber ou por que certos valores são descontados, fica impossível planejar a própria vida. É urgente que as plataformas sejam mais claras e que a sociedade reconheça o valor de quem está todos os dias nas ruas mantendo a economia girando", Luiz Gustavo NevesCEO da GigU.

Mesmo assim, muitos seguem no setor por falta de opções: 46,4% afirmam que continuarão nos aplicativos até conseguirem algo melhor, e 31,9% deixariam esse tipo de trabalho imediatamente se tivessem outra oportunidade com melhor remuneração.

As principais demandas dos trabalhadores são claras: melhor remuneração por corrida (97,4%), redução das taxas cobradas pelas plataformas (72,7%), mais transparência (56,9%), melhor suporte (51,3%) e benefícios básicos, como plano de saúde e previdência (42,8%).

Os dados revelam as contradições de um modelo de trabalho que cresce em escala, mas ainda carece de garantias mínimas para quem o sustenta. Em meio às discussões sobre a regulação do trabalho por plataformas no Congresso, o levantamento oferece um panorama realista das fragilidades enfrentadas por motoristas, entregadores e prestadores de serviço e reforça a urgência de políticas que promovam mais equidade, proteção e transparência nesse novo arranjo produtivo.


GigU

Criada em 2017 e anteriormente conhecido como StopClub, o GigU é uma fintech social focada em apoiar motoristas de aplicativo por meio de ferramentas colaborativas que ajudam esses trabalhadores em seus desafios diários. Está entre as missões do GigU criar uma comunidade unida e cada vez maior, que ofereça soluções de segurança e financeira personalizadas de acordo com a dor e necessidade de cada trabalhador. Atualmente a GigU é a maior comunidade de trabalhadores de aplicativo do Brasil somando mais de 250 mil usuários em uma rede de compartilhamento de conhecimentos e experiências.


Fonte: Jangada Consultoria de Comunicação